A maior metrópole do Hemisfério Sul, a mais populosa, polo econômico e industrial, cidade mais influente e importante do país, a capital do estado de São Paulo é palco de eventos culturais, esportivos e gastronômicos de expressão nacional e internacional.
O turismo de negócios merece destaque especial e os inúmeros museus, parques, restaurantes e casas de espetáculo são frequentados por visitantes do mundo todo, o ano inteiro.
O Aeroporto de Congonhas, uma das principais portas de entrada da cidade, de arquitetura inspirada no estilo art déco. obra de Ernani do Val Penteado e Raymond A. Jehlen tem seu prédio tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – Conpresp.
Além da edificação, dezenas de elementos internos são tombados pelo Conpresp ( mobiliário; elementos de composição arquitetônica tais como revestimentos, portas, forros; obras artísticas e até um hangar fazem parte do processo de tombamento ).
O chão quadriculado em preto e branco, o terraço, o salão de festas, imagens que habitam a memória do paulistano, se confundem com a atualidade, a alta tecnologia e a pressa dos nossos dias.
Pelos espaços, obras de arte sobrevivem ao tempo, numa mostra clara de convivência harmônica entre o antigo e o novo.
Da década de 1950, um busto de Santos Dumont exposto na entrada principal do aeroporto foi concebido por Victor Brecheret.
Ernani do Val Penteado e Raymond A. Jehlen são os autores dos painéis em mosaico, ao lado da escada e no saguão central, enquanto, no Pavilhão das Autoridades, um mural de Di Cavalcanti e Clóvis Graciano contrasta com as pinturas nos espelhos feitas pelo arquiteto francês Jacques Monet.
Já dos dias atuais, um painel do artista plástico Eduardo Kobra, retrata a antiga fachada do aeroporto e relembra a cena das visitas feitas ao local pelos paulistanos para observar os aviões decolando.
História do Aeroporto de São Paulo
Projeto e construção do Aeroporto de Congonhas
Desde 1920, o aeroporto que atendia a cidade de São Paulo era o Campo de Marte, localizado às margens do Rio Tietê, onde as chuvas frequentemente causavam alagamentos. Com isso, em 1935 foram feitos estudos pelo governo do estado de São Paulo, com a intenção de prover a São Paulo um aeroporto que não estivesse sujeito às enchentes.
A região de Congonhas então foi escolhida por suas condições naturais de visibilidade e de drenagem, longe de áreas alagadiças. Na época, quando a cidade de São Paulo tinha 1 milhão de habitantes, a escolha do local foi criticada pelo fato de ser uma região descampada e distante.
O nome Congonhas é uma homenagem ao Visconde de Congonhas do Campo, Lucas Antônio Monteiro de Barros (1767-1851), primeiro presidente da Província de São Paulo após a Independência do Brasil (1822).
Congonhas também é o nome de um tipo de erva-mate muito comum em Minas Gerais, na região onde se situa Congonhas do Campo, cidade natal de Monteiro de Barros.
Entre 1928 e 1932, a Cia. Auto-Estradas Incorporadora e construtora S.A construiu a estrada de ligação entre São Paulo e Santo Amaro (atual avenida Washington Luís).
Essa companhia era proprietária de um grande terreno entre Santo Amaro e o Ibirapuera e vinha vendendo lotes na área deste 1930.
Em 1936, a Auto-Estradas comprou um grande terreno de um bisneto do Visconde de Congonhas, que era proprietário das terras onde seria construído o aeroporto. Essa construtora planejava urbanizar a região, chamando-a de Vila Congonhas.
Com isso, a Auto-Estradas torna-se a maior interessada na instalação do aeroporto na região e como forma de pressionar o governo do estado de São Paulo pela escolha do terreno, a companhia, por conta própria, construiu uma pista de terra para pousos e decolagens à margem da estrada de rodagem para Santo Amaro.
Em 12 de abril de 1936, pela primeira vez, o Campo de Aviação da Companhia Auto-Estradas foi utilizado publicamente em caráter experimental com pilotos consagrados convidados para exibir-se e testar as condições de Congonhas para sediar o aeroporto.
Em julho de 1936, com a construção de uma segunda pista de terra, companhias de aviação comercial passaram a utilizar o campo a pista de terra, que foi brevemente conhecido como Campo da VASP.
Em setembro do mesmo ano, o governo de São Paulo finalmente adquiriu o terreno depois de um acordo com a Auto-Estradas quanto ao preço e o aeroporto passa então a ser denominado oficialmente como Aeroporto de São Paulo.
Aeroporto de Congonhas – Anos 1940, 1950 e 1960
Em 1940, a Secretaria de Estado dos Negócios e da Viação estabelece que o Aeroporto seria administrado por um representante do governo do estado de São Paulo.
Assim, o estado investiu sistematicamente em Congonhas, em especial no primeiro período e ao lado da pista, foi construída uma pequena estação de passageiros em linhas art déco que funcionou até 1948.
Em 1947, começam as obras da primeira grande reforma do aeroporto de São Paulo, já em 49, as obras de prolongamento da pista principal para 1 865 metros foi concluída.
Entre 1951 e 1954, as obras da torre de controle são terminadas é inaugurado o pavilhão das autoridades.
E em 1955, o novo terminal de passageiros começou a funcionar, e em 1959 a ala internacional é inaugurada e a ponte aérea Rio-São Paulo, um acordo firmado entre as companhias Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul para ligação aérea entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, entra em funcionamento também.
Em 1957, o Aeroporto de Congonhas passa a ser o terceiro do mundo em movimento de carga aérea, depois de Londres e Paris.
Em 1962, tem a implantação do primeiro serviço de RADAR.
Em 1968, é criada a CCPAI (Comissão Coordenadora do Projeto Aeroporto Internacional) pelo Ministério da Aeronáutica com finalidade de construir simultaneamente dois aeroportos de primeira classe internacional, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo, pois o eixo Rio-São Paulo concentrava 90% do tráfego internacional do Brasil.
A importância desses novos aeroportos é oferecer uma nova infraestrutura aeroportuária de que demandavam os grandes aviões intercontinentais que vinham sendo lançados.
Aeroporto de Congonhas – Anos 1970, 1980 e 1990
Em 1975, investimentos necessários para a modernização do Aeroporto de Congonhas começaram a ser feitos, começando pela reforma do terminal de passageiros finalizada em 1979.
No ano seguinte, por determinação do DAC, o aeroporto passa a funcionar somente das 06h às 23h, atendendo reivindicação dos moradores da vizinhança, que há anos reclamavam do barulho.
Na década de 77, 4,5 milhões de passageiros passam pelo Aeroporto de Congonhas e é inaugurado, em junho, o sistema de pouso por instrumento ILS (Instrument Landing System).
Em 1978, o terminal de cargas (TECA) de Congonhas passou a ser administrado pela INFRAERO (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, criada em 1973) e vinculada ao Ministério da Aeronáutica.
Em 1981, a administração do Aeroporto de Congonhas passou para a INFRAERO, que começou a fazer uma série de reformas visando elevar a eficiência operacional do aeroporto.
A reforma incluiu:
» A instalação do sistema de esteiras rolantes nas alas de desembarque;
» Ampliação da pista principal para 1934 metros de extensão;
» Ampliação da cabeceira 16 da pista (hoje 17) a fim de agilizar as manobras das aeronaves maiores;
» Construção de armazéns no TECA;
» Adaptação e construção de sala para a Ponte Aérea;
» Marquises para pontos de táxis;
» Entre outras melhorias;
Em 1985, ocorre a transferência dos voos internacionais e domésticos para o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ficando apenas voos regionais e os voos da ponte aérea Rio-São Paulo em Congonhas.
A partir de então, o aeroporto passou por anos de ociosidade em seu terminal de passageiros.
Em 1990, o Aeroporto de Congonhas volta a receber voos domésticos e passa a ser o aeroporto mais movimentado do país.
Já em 1991, por determinação do Departamento de Aviação Civil (DAC) os aviões turboélices Lockheed Electra II foram substituídos por aviões turbo-jatos mais modernos na ponte aérea Rio-São Paulo.
Em 1992, é publicada a portaria do Ministério da Aeronáutica, que autorizou a reativação dos voos internacionais no Aeroporto de Congonhas com aeronaves com porte do Boeing 737, com capacidade de 130 passageiros.
Ainda em 92, é inaugurada a nova sala de embarque para a ponte aérea Rio-São Paulo e anúncio de obras de reestruturação para atender o aumento dos voos regionais e a intensificação de movimento nas pontes para Brasília, Belo Horizonte e Curitiba, que incluíram a transferência dos balcões de deck in para a ala norte, com um design em combinação com o piso em forma de tabuleiro de xadrez.
Em outubro de 1995 foi feita a implantação do sistema X-4 000, um novo equipamento desenvolvido no Brasil, que permitia uma melhor visibilidade das aeronaves no espaço da cidade e um controle mais rigoroso de cada área.
Ainda em 1995, o aeroporto de Congonhas bateu seu recorde de pousos e decolagens (154 697) e superou Guarulhos no tráfego aéreo, sendo o aeroporto mais rentável para a INFRAERO na época.
Com a nova saturação da capacidade operacional do aeroporto, foi adotado o sistema de “slots” em Congonhas.
Aeroporto de Congonhas – Anos 2000
Em 2002, a INFRAERO anunciou a uma série de obras em Congonhas para adequar o aeroporto ao tráfego de 12 milhões de passageiros por ano.
As obras tiveram início em maio de 2003 e foram divididas em duas etapas:
1 – Primeira fase:
Contou com a reformulação da área de embarque e desembarque, com a construção de um conector com 8 pontes de embarque, que ficou pronta em 15 de agosto de 2004; além do edifício garagem com o total de 3 400 vagas, obra concluída em dezembro de 2005.
2 – Segunda fase:
Com as obras iniciadas em outubro de 2004 e com a ampliação do conector com o acréscimo de mais 4 pontes de embarque, totalizando as 12 pontes atuais; a reforma do terminal de passageiros; a readequação do sistema viário de embarque e desembarque de passageiros; a readequação dos pátios de estacionamento de aeronaves e o recapeamento da pista de pouso auxiliar.
Em 22 de março de 2006, um Boeing 737 da companhia BRA derrapou na pista 35L, e por pouco, não caiu na Avenida Washington Luís. A empresa culpou o aeroporto pelo acúmulo de borracha de pneu na pista.
No dia 17 de julho de 2007, ocorreu o maior acidente da história de Congonhas e da aviação brasileira.
Na época, o Aeroporto de Congonhas era o mais movimentado do país, recebendo no ano de 2006 18,8 milhões de passageiros, 50% acima de sua capacidade operacional.
O acidente fez com que o governo brasileiro limitasse o percurso dos voos que têm o aeroporto com destino ou origem a mil quilômetros e proibisse que o aeroporto fosse usado para escalas e conexões.
As autoridades determinaram a redução do número de pousos e decolagens em Congonhas, levando as companhias a transferir parte de seu voos para outros aeroportos.
Em 2008, por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o aeroporto deixa de operar voos internacionais da aviação executiva e passou a se chamar oficialmente Aeroporto de São Paulo/Congonhas.
No mesmo ano, um bimotor com um passageiro, piloto e copiloto tentou arremeter o pouso, mas derrapou na pista quase caindo na avenida Washington Luís.
O nariz do avião bateu no muro que separa o aeroporto da avenida, ninguém se feriu, mas o aeroporto permaneceu algumas horas fechado para pousos e decolagens.
Aeroporto de Congonhas – Anos 2010
Em 11 de novembro de 2012, um jato executivo, que vinha de Florianópolis (Santa Catarina) e pousou na pista auxiliar, ainda que adequada, não conseguiu parar, ultrapassou a pista e caiu em um terreno entre o aeroporto e a Avenida dos Bandeirantes.
Os passageiros sofreram ferimentos leves e foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros.
O acidente trouxe de volta a dúvida sobre a segurança do Aeroporto de Congonhas, sobre a qualidade técnica dos pilotos que usam aquele aeroporto e sobre as instituições regulatórias como a ANAC e o DECEA.
Em 2013, o Aeroporto de Congonhas ganhou dois prêmios “Boa Viagem”, oferecidos pela SAC (Secretaria de Aviação Civil) e pela Embratur, nas categorias Melhor Check-in e Melhor Inspeção de Segurança durante os jogos da Copa das Confederações.
Já em 2014, o Aeroporto de Congonhas voltou a ultrapassar a marca de 18 milhões de passageiros, marca alcançada em 2006, e reduzida após o acidente da TAM, porém com um número menor de pousos e decolagens.
Em 2015, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) derrubou em dezembro uma restrição que limitava a uma distância de 1 000 km em linha reta os voos a partir do aeroporto, o terceiro maior do país em número de passageiros.
Segundo a Agência, não havia razão técnica ou econômica que justificasse manter a restrição. A intenção era permitir o aumento de ofertas, pois era um pedido constante das empresas.
Outras duas medidas foram adotadas, ambas em vigor: uma delas reduziu os pousos e decolagens — Congonhas chegou a ter 50 movimentos/hora; hoje são 34. A outra foi não usar a pista auxiliar para voos comerciais.
Coordenação de Slot Aeroporto de Congonhas
Dada a saturação do aeroporto de Congonhas, principalmente de suas pistas, desde 1996 o aeródromo funciona sob o sistema de Slots.
O slot de aeroporto é um intervalo de tempo estabelecido, durante o qual a operação de pouso ou decolagem deve ser realizado.
Esse intervalo é quantificado de forma diferente em cada aeroporto.
O Controle desse sistema é feito pela ANAC por meio da Coordenadoria de Slots vinculada à Superintendência de Regulação Econômica e Acompanhamento de Mercado (SER).
Atualmente a distribuição de slots no aeroporto de Congonhas e as condições para a operação das companhias aéreas no aeroporto são definidas e regulamentada pela ANAC .
A definição do número de slots no aeroporto é feita com base na declaração de capacidade do terminal de passageiros e do pátio de aeronaves, elaborada pela INFRAERO, e também pela declaração de capacidade da pista, elaborada pelo DECEA/CGNA.
A ANAC faz avaliações da pontualidade (referente a atrasos) e a regularidade (referente a cancelamentos) de todos os slots utilizados, conforme os padrões estabelecidos pelas normas.
O descumprimento sistemático desses índices pode gerar aplicação de multas às companhias aéreas em função de atrasos e cancelamento de voos podendo até haver a redistribuição dos slots mal utilizados, com objetivo de obter o uso mais eficiente desses horários de partidas e chegadas.
Parametrização de Slot Aeroporto de Congonhas
Os slots distribuídos em Congonhas só podem ser operados por aeronaves com, no mínimo, 90 (noventa) assentos.
São elegíveis para constituição de série de slots apenas os serviços de transporte aéreo público regular de passageiros, sendo que série de slots é o conjunto de slots alocados para a mesma empresa de transporte aéreo em semanas consecutivas, no mesmo dia da semana, na mesma hora ou com variação de até quinze minutos entre os horários alocados.
Na utilização das séries de slots deve ser observado mínimo de 90% de regularidade e 80% de pontualidade.
O aeroporto fica fechado para aeronaves civis após 23h00 e antes das 06h00, horário local, resguardadas situações de urgência e emergência.
A operação de aeronaves de asas fixas só é permitida com dois pilotos.
É proibida a realização de voos de treinamento no aeroporto.
Critérios de Slot Aeroporto de Congonhas
Operar no aeroporto central da maior cidade do Brasil é o desejo de todas as companhias aéreas brasileiras já que o Aeroporto de Congonhas é mais concorrido e saturado do país.
A disputa acirrada das companhias por slots no aeroporto se explica pela grande demanda pelo transporte aéreo regular para os principais destinos da malha aérea brasileira, o que faz das operações mais rentáveis para as companhias, uma vez que as tarifas tendem a ser mais altas exatamente pela procura.
Quando há novos slots a serem distribuídos em Congonhas, as companhias são submetidas a critérios definidos na Resolução nº 336/2014 da ANAC para então conseguirem novos horários para pousos e decolagens no aeroporto.
Esses critérios são:
1 – Percentual de participação de cada empresa de transporte aéreo regular de passageiros no mercado nacional, medida com base no critério de passageiro pago transportado por quilômetro (RPK), durante a temporada equivalente anterior;
2 – Percentual de participação de cada empresa de transporte aéreo regular de passageiros no mercado de aviação regional do país, medida com base no critério de passageiro pago transportado por quilômetro, durante a temporada equivalente anterior;
3 – Eficiência Operacional Nacional durante a temporada equivalente anterior. Eficiência operacional nacional é a média entre a porcentagem de pontualidade e de regularidade dos voos regulares de uma empresa em uma determinada temporada.
Redistribuição de Slots do Aeroporto de Congonhas em 2014
Em 2014, o governo federal, por meio do Conselho de Aviação Civil (Conac), determinou que a ANAC redistribuísse os slots de Congonhas priorizando as empresas entrantes, sendo estas as que possuíam menos de 12 por cento dos slots no aeroporto.
Com isso, no dia 8 de outubro de 2014, a ANAC anunciou então uma nova distribuição de slots de acordo com as diretrizes da Resolução n°3/2014, do CONAC, e com as regras da Resolução nº 336/2014, da ANAC.
Nesse processo, o número de slots/hora no aeroporto passou de 30 para 32 ou 33, o que equivale a um acréscimo de 43 slots/dia em Congonhas.
Esses novos slots foram provenientes do rearranjo da capacidade de pista para a aviação comercial somados a dois slots remanescentes do banco de slots , retirados de empresas que deixaram de operar no aeroporto.
Os 43 novos slots foram então distribuídos entre as companhias entrantes, beneficiando assim as empresas Azul, com 26 slots e Avianca com 16 slots, sendo que a primeira não tinha nenhum slot e a segunda já possuía 24.
Com isso, Congonhas passou a ter 536 slots nos dias úteis, sendo:
» 236 da LATAM;
» 234 da Gol;
» 40 da Avianca;
» 26 da Azul;